Otávio Nunes
A melancia e o melão resolvem finalmente se casar. Quando chega o dia, todas as frutas se encontram na festa. A banana, esbelta em suas curvas, traja vestido longo amarelo com bolinhas pretas e um colar brilhante que realça ainda mais seu pescoço. Um charme. A uva, coitada, tem de ficar nos cantinhos do salão de festa para que ninguém pise em cima dela. Sua amiga de tamanho, a jabuticaba, de pretinho básico, não sai de seu lado. Estão tão próximas que as demais frutas confundem as duas, o que as deixa ainda mais iradas. “Baixinho é invocado, mesmo”, brinca a jaca.
O abacaxi, gordo e bonachão, mostra sua coroa e se proclama o rei da festa, porém ninguém aceita dançar com ele, por causa de sua roupa espinhosa. A laranja traz à festa sua família completa. Está acompanhada dos primos limão, lima, cidra e mexerica. O abacate chega todo contente mas arruma briga com um grupo de convidados que o apelida de Hulk.
Muita gente comenta o jeitão do morango: “Num sei não, é tanta delicadeza que desconfio”. O mais desejado é o pêssego: As pretendentes dizem: “ah, este cara é todo aveludado e cheiroso”. Mas a maior paquera rola mesmo entre a manga e o mamão. Muito convidado comenta que será o próximo casamento. “Desde que este mamão seja macho”, brinca o kiwi. “Deixe de maldade, seu peludo sem graça”, retrucava a goiaba.
A festa segue animada. Mas de repente uma balbúrdia se instala no salão e o corre-corre começa. “Que acontece, prima”, pergunta a maçã para a pêra. “Corra, corra. É o liquidificador.”
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