quinta-feira, 9 de abril de 2009

Vida de cão


Otávio Nunes

Izolino tinha acabado de receber pelo trabalho de quinze dias. Havia rebocado a parede e assentado piso e azulejo no banheiro do bar do Maranhão. O botequeiro, conhecido sovina do bairro, reclamou, reclamou, e acabou por pagar uma quantia menor que a combinada. Mesmo contrariado, Izolino aceitou e saiu.

A caminho de casa, parou em frente à padaria para levar um frango assado quentinho para sua família. Enquanto o funcionário da padaria retirava o frango, Izolino observou um cachorro que havia um bom tempo estava parado em frente à máquina de assar. O bicho admirava os frangos a rodar e a se queimar. Olhava tão intensamente que parecia estátua. Apenas a cauda e os pequenos olhos se movimentavam.

Izolino pegou alguns restos de carne da bandeja e jogou para o cão, mas este não se interessou. Permaneceu parado. Izolino arrancou uma coxa do seu frango, deu uma mordida e jogou o restante. Novamente, o vira-lata continuou impassível. “O que este bicho quer? “, pensou. Dirigindo-se ao caixa para pagar, ele deixou o frango na cadeirinha do balcão da padaria enquanto procurava a carteira no bolso. Neste instante, o cachorro abocanhou o frango e correu. Izolino tentou ir atrás. Inútil. E ainda teve de pagar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário