Otávio Nunes
Roberta chegou ao escritório, sentou-se à mesa e abriu a gaveta para pegar os papéis do trabalho. Sua cabeça, no entanto, estava nas dívidas, pois devia uma quantia razoável ao agiota e seu carro era a garantia de pagamento. Nem se lembrava mais como havia chegado àquela situação, só sabia que tinha de se safar.
No final do dia, pouco antes de ir embora, ela foi ao banheiro e quase trombou com Cleide, outra funcionária, que saía do local. Na pia do lavatório, Roberta encontrou um colar de diamantes. Pegou o objeto e percebeu que o fecho estava quebrado. Era de Cleide. Já tinha visto a jóia no pescoço da colega, uma única vez, porém, numa festa de confraternização de final de ano na empresa.
Não gostava de Cleide. Havia tempos que a odiava, sutilmente, e nem aceitava convite dela para saírem juntas na hora do almoço. Achava que Cleide tinha recebido a promoção que ela, Roberta, merecia, por ser mais antiga de empresa. Outro fato que nutria a inveja, era o marido de Cleide: bonito e bem-sucedido na profissão. E Roberta ainda ansiava pelo casamento. “Ela nem precisa do cargo que ocupa, seu marido já ganha muito bem”, raciocinou Roberta enquanto admirava o colar.
Furtiva, ela achou um modo de apaziguar as investidas do agiota, que toda semana ligava para ela. Através da janela do banheiro, viu Cleide sair pela portaria. Não teve dúvidas. Pegou o colar, enfiou no bolso da blusa e saiu. Assim que pegou a bolsa para ir embora, percebeu que havia esquecido de urinar, entretida pelo achado. Retornou ao banheiro.
De volta à mesa, enquanto pegava a bolsa, sentiu o peso de uma mão na blusa. Era Cleide que recuperava sua jóia, pois um pedaço do colar tinha ficado para fora do bolso. Estupefata e envergonhada. Roberta olhou para Cleide, que disse.
- Oh amiga! Muito obrigada por ter achado meu colar no banheiro e guardado no bolso para me devolver depois.
Pega de surpresa, Roberta não sabia o que dizer e recebeu um abraço efusivo de Cleide.
- Eu sabia que podia contar com você. Quando notei a falta do colar, lembrei-me que você tinha entrado no banheiro depois de mim. Se eu perder esta jóia, não sei o que dizer a meu marido. É um presente de dez anos de casamento, que ele comprou numa viagem ao exterior. Raramente uso este colar. Só peguei para levá-lo à joalheria para consertar o fecho. E quase o perdi, se não fosse você. Meu Deus, Roberta, você é maravilhosa. Amanhã eu pago um almoço num restaurante chique. Pode escolher qual. Você merece recompensa.
Beijou novamente a amiga e foi embora. Roberta continuou atônita, sem dizer palavra.
Roberta chegou ao escritório, sentou-se à mesa e abriu a gaveta para pegar os papéis do trabalho. Sua cabeça, no entanto, estava nas dívidas, pois devia uma quantia razoável ao agiota e seu carro era a garantia de pagamento. Nem se lembrava mais como havia chegado àquela situação, só sabia que tinha de se safar.
No final do dia, pouco antes de ir embora, ela foi ao banheiro e quase trombou com Cleide, outra funcionária, que saía do local. Na pia do lavatório, Roberta encontrou um colar de diamantes. Pegou o objeto e percebeu que o fecho estava quebrado. Era de Cleide. Já tinha visto a jóia no pescoço da colega, uma única vez, porém, numa festa de confraternização de final de ano na empresa.
Não gostava de Cleide. Havia tempos que a odiava, sutilmente, e nem aceitava convite dela para saírem juntas na hora do almoço. Achava que Cleide tinha recebido a promoção que ela, Roberta, merecia, por ser mais antiga de empresa. Outro fato que nutria a inveja, era o marido de Cleide: bonito e bem-sucedido na profissão. E Roberta ainda ansiava pelo casamento. “Ela nem precisa do cargo que ocupa, seu marido já ganha muito bem”, raciocinou Roberta enquanto admirava o colar.
Furtiva, ela achou um modo de apaziguar as investidas do agiota, que toda semana ligava para ela. Através da janela do banheiro, viu Cleide sair pela portaria. Não teve dúvidas. Pegou o colar, enfiou no bolso da blusa e saiu. Assim que pegou a bolsa para ir embora, percebeu que havia esquecido de urinar, entretida pelo achado. Retornou ao banheiro.
De volta à mesa, enquanto pegava a bolsa, sentiu o peso de uma mão na blusa. Era Cleide que recuperava sua jóia, pois um pedaço do colar tinha ficado para fora do bolso. Estupefata e envergonhada. Roberta olhou para Cleide, que disse.
- Oh amiga! Muito obrigada por ter achado meu colar no banheiro e guardado no bolso para me devolver depois.
Pega de surpresa, Roberta não sabia o que dizer e recebeu um abraço efusivo de Cleide.
- Eu sabia que podia contar com você. Quando notei a falta do colar, lembrei-me que você tinha entrado no banheiro depois de mim. Se eu perder esta jóia, não sei o que dizer a meu marido. É um presente de dez anos de casamento, que ele comprou numa viagem ao exterior. Raramente uso este colar. Só peguei para levá-lo à joalheria para consertar o fecho. E quase o perdi, se não fosse você. Meu Deus, Roberta, você é maravilhosa. Amanhã eu pago um almoço num restaurante chique. Pode escolher qual. Você merece recompensa.
Beijou novamente a amiga e foi embora. Roberta continuou atônita, sem dizer palavra.
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