sexta-feira, 25 de julho de 2008

Corpos ardentes

Otávio Nunes

(Roupa nova para uma piada velha)

- Querido, nossa relação é realmente transparente?
- Claro, meu amor. Não escondemos nada um do outro, seja o que for. Somos um casal moderno, como Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir.
- Pois bem. Fiquei sabendo que você saiu com a Robertinha. É verdade?
- Pô...caramb...é que...
- Sim ou não? Olhe a transparência.
- Sim. Desculpe meu amor. Eu...iria contar a você. Mas, você sabe, tenho trabalhado muito e ando meio esquecido. É verdade, embora não seja nada sério. É que não resisti àquele corpinho de ginasta romena que a Robertinha tem.
- Mais algum corpinho que você não resistiu?
- Ah, bem, eu...como vou dizzz...
- Somos um casal moderno, mon amour: Sartre e Beauvoir.
- É verdade. Teve também a Rosana...
- Eu desconfiava. Esta se atira aos homens como nadador na piscina.
- e a Consuelo, também, querida.
- Até ela? Com aquele jeito de madre superiora?
- E você, querida? Nunca encontrou um corpo que a desviasse da rotina?
- Só um.
- Qual?
- Lembra-se daquele “corpinho” de bombeiros perto da casa da minha mãe?

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