quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Egalitê e libertê

Otávio Nunes

O velho Marquês de Cavangnour chouteava em seu cavalo pelas planícies verdolengas de sua propriedade em Chateau Brillant, a poucos quilômetros de Paris, naquele lusco-fusco vespertino de 13 de julho de 1789. De repente, um homem atrás de uma árvore gritou.
- Morte à nobreza e liberdade para o povo
Cavangnour assustou-se e quase perdeu o equilíbrio. Só não caiu porque o cavalo, companheiro fiel e impassível às agitações, continuou seu trotar sereno.
Quando chegou em casa, o marquês perguntou a seu capataz quem poderia ser aquele agitador. Somente à noite, o empregado descobriu que o gritador era seu próprio filho.
- Por que você fez isto, Dominique? Podemos ser presos e enviados à Bastilha. O que será de sua mãe e seus irmãos sem nós?
- Hoje, não. Mas amanhã o senhor poderá dizer que fui eu, meu pai.

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