Otávio Nunes
- Por tudo isto que aqui foi relatado e mostrado, o Estado pede a condenação do réu pelo assassinato doloso de sua esposa.
Com esta frase, o promotor encerrou sua tese e voltou à cadeira. Diante das fortes acusações e das provas apresentadas, o advogado de defesa pensou rapidamente numa idéia desesperada para salvar seu cliente. Dirigiu-se ao júri e, com sua voz forte e trejeitos teatrais, levantou a seguinte proposição.
- Caros membros do júri. Todos os dias meu cliente ouvia as seguintes lamúrias de sua insensata esposa. “Tire esta sandália daqui, desligue a televisão, saia do telefone, esquente a comida, lave a louça, passe suas cuecas, pague a empregada, leve os filhos à escola, pegue os filhos na escola, vá à reunião dos pais na escola, pague a mensalidade da escola, dê descarga no banheiro, estenda no varal sua toalha molhada, não esqueça de comprar bife de coxão mole em vez de acém, pare de usar este desodorante fedorento, não esqueça meu aniversário, procure um médico para curar este ronco de porco, lave direito os pés para acabar com este chulé, pare de paquerar a empregada, vá beber seu uísque no boteco, não me encha o saco enquanto assisto à novela, pare de ler na cama, melhore seu desempenho sexual, compre um carro zero quilômetro e aposente sua lata velha, não mencione minha idade para ninguém, pare de gritar a cada gol do seu time, me leve ao restaurante pelo menos uma vez por mês, diminua esta barriga, faça seu café quando acordar, elogie meu novo penteado...”
Ao encerrar o rosário de reclamações, o advogado de defesa clamou.
- Digam-me membros do júri, o meu cliente é culpado por ter matado sua esposa?
Pouco depois, o juiz leu o veredicto: “inocente”.
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