Otávio Nunes
Certo dia, quando moleque eu era, cabulei a aula para ir ao cinema com minha turma. Na saída, topei com meu vizinho abraçado a uma mulher, que não era a dele. Ficamos nos encarando por alguns segundos sem saber o que dizer um ao outro. Mas ficou por isso mesmo. No entanto, na volta para casa, o sujeito pegou o mesmo ônibus que eu e nos olhamos novamente. E, outra vez, sem palavras.
Meu vizinho, cujo nome o tempo já levou de minha memória, tinha na época uns 30 anos e eu, 13 ou 14. Não éramos amigos, apenas nos cumprimentávamos de vez em quando. Quem o conhecia melhor era meu pai. Pois às vezes ambos viravam parceiros de boteco nos fins de semana. Já minha mãe costumava conversar com a mulher dele.
Dois dias depois, enquanto acompanhava minha mãe na feira, defrontei-me novamente com o vizinho em mais um ato de recíprocos olhares. Parecíamos um com medo do outro. Eu temia contar o caso para alguém. Já o receio dele, acredito, era justamente que eu desse com a língua nos dentes. Só que um não ousava conversar com o outro e ficava aquele clima constrangedor, de olhares questionadores.
Bem, vamos ao finalmente, porque leitor de Internet gosta de texto curto. Um mês depois, ele e a esposa se separaram. Minha mãe disse que ela descobriu que o marido tinha amante. Gente, eu juro. Não fui eu quem contou.
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