Otávio Nunes
Parado num farol da Avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, ouvi no carro ao lado uma música americana muito bonita e antiga, da década de 70, chamada Everybody’s talking. Quem gravou foi o cantor Harry Nilsson, mais conhecido no Brasil pelo seu sobrenome. De repente, ali no cruzamento, em poucos segundos, vieram à minha mente lembranças guardadas no baú do passado.
A primeira: esta canção foi trilha sonora de um filme também maravilhoso, que no Brasil passou com o nome de Perdidos na noite. O original inglês era Midnight Cowboy (Cowboy da meia-noite). Ganhou três Oscar, incluindo melhor filme e direção (John Schlesinger). Na história, o ator Jon Voight interpreta um texano xarope que quer ganhar dinheiro como garoto de programa em Nova Iorque, onde conhece o vagabundo Ratsy (Dustin Hoffman), em início de carreira, mas já supertalentoso. Hoffman dá um show de interpretação.
Pois bem: Rutsy se oferece para ser o agente (empresário) de Voight, encarregado de arrumar mulheres ricas interessadas em pagar por algumas horas de prazer. Nada dá certo para a dupla. Voight transa com uma prostituta, é obrigado a pagar e fica sem grana. O filme mostra a outra face da sociedade norte-americano: o looser (o perdedor) ao invés do winner (vencedor).
Na lembrança 2, Everybody’s talking não se tornou o principal sucesso de Nilsson no Brasil. Seu maior êxito, foi Without you (Sem você). Era a época dos bailinhos e eu dancei muito esta música. Cheguei até a comprar o disco, compacto simples, uma “bolachinha” de vinil, com uma música de cada lado. O sucesso vinha no lado A e ninguém se importava com o B. Whitout you fez sucesso recentemente, coisa de um ou dois anos, como uma das músicas da novela das nove da Globo. Não lembro qual. No entanto, a voz não era a de Nilsson, tratava-se de regravação. Uma pena. Ele tinha a voz muito bonita. Aliás, se não me engano, John Lennon chegou a observar que Nilsson era o melhor cantor americano da época.
Na lembrança 3, Perdidos na noite se tornou o nome do primeiro programa do Fausto Silva na televisão, na TV Gazeta, canal 11, nos anos 80. Um programa de auditório todo espontâneo e muito engraçado. Uma verdadeira bagunça. Faustão falava para o espectador: “Se você quer coisa melhor, mude de canal. Na Globo está passando o filme tal, no SBT o programa tal”. A platéia rolava de rir.
Depois, o programa se transferiu para a Record e para a Bandeirantes, não sei se com o mesmo nome. Até que a Globo o contratou.
Não tinha planejado a lembrança 4. Porém meu amigo de redação, Rogério Silveira, me lembrou que o Jon Voight é pai da belíssima Angelina Jolie. Infelizmente, a relação entre eles não é das melhores porque o Voight, quase setentão hoje, teria dito numa entrevista que a filha teve problemas mentais na meninice.
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Uau... depois dizem que o oufato e a nossa memoria mais eficaz...
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